quarta-feira, 18 de maio de 2011

Nessas Noites de Outono

"Que é que eu vou fazer pra te esquecer?
Sempre que eu já nem me lembro, lembras pra mim."
Caetano Veloso

São nessas noites de outono, nesse frio que invade, nessa presença que se tornou ausência. Que eu lembro de você. Eu acho impressionante, pois, depois de tanto tempo eu ainda me recordo de cada detalhe, e até aqueles detalhes menos importante, aqueles pequenininhos, aqueles que ninguém lembrar, sabe ? Eu lembro!
Lembro das nossas noites frias, em que você se fazia cobertor e me aquecia de uma forma que até hoje, só você sabe. Lembro dos nossos beijos na chuva, das nossas caminhadas pelas as ruas molhadas, das nossas brincadeiras. Saíamos pela cidade pulando as poças d'águas; alegres, felizes, como se o mundo se resumisse a aquele momento, como se o todos os problemas não existissem mais, esbanjando amor sem se preocupar com absolutamente nada. Recordo-me também dos passeios no shopping, das suas idas à minha casa e de como você se dava bem com meu irmãozinho, e de como toda a minha família gostava de você; e hoje eles não lembram mais nem quem você é, mas, infelizmente, eu lembro e como lembro.
E todas as noites quando deito, eu sonho acordada, sonho com o dia que você irá voltar.
Uma vez me disseram que o tempo cura tudo, que o tempo cicatriza as feridas. Mas, talvez eu seja alérgica a esse remédio, ou então o meu corpo não aceita mais, e eu precise de um remédio mais forte.
E hoje, nesse outono que eu passo sem você, parece ser um dos outonos mais frios que todos os outros. Porque eu não tenho seu abraço acolhedor e aquecedor, eu não tenho seus beijos doces, eu não tenho seu carinho, eu não tenho o seu amor.
O que me conforta são as lembranças, aquelas nossas lembranças, foram as únicas coisas que restaram. E às vezes eu me perco, eu me confundo e não consigo decifrar o que realmente aconteceu do que eu queria que estivesse acontecido.
Num certo dia você passou perto de mim, e senti o seu cheiro aquele cheirinho que eu tanto amo e que só você tem. E aquilo me doeu como se um faca tivesse perfurando meu peito, porque eu lembrei do primeiro dia que meus lábios encontraram os seus, que meus braços encontraram seus abraços e que ao chegar em casa você me ligou e disse: " Ah amor, que dia maravilhoso, foi tão magnífico está com você, foi melhor do que tudo que eu imaginei, o seu cheiro está em mim, eu vou guarda-lo pra sempre tá? " Mal ele sabia que o cheiro dele também estava em mim, e que na minha memória está guardado e que vez em quando eu sinto-o, mas são coisas somente da minha imaginação.
E quando me lembro disso, meu coração transborda de saudade. Em mim hoje há um vazio que você deixou, e a cada dia que passa ele só faz aumentar não há nada que faça ele ser preenchido novamente. Exceto você!
E hoje ao chegar em casa, sentei e fiquei ouvindo aquelas músicas que você odiava que eu ouvisse e de repente a minha mãe bate na porta e entra no quarto, eu trato de enxugar as minhas lágrimas rapidinho e ela se aproxima e pergunta:
- O que houve filha?
- Nada mãe, não é nada ! - disse sem jeito.
- Não tem como ser nada, seus olhos transmite tristeza, fala, o que houve?
- Sabe mãe, aquele amor que eu sempre procurei, que eu sempre quis encontrar e que eu achava que nunca iria encontrar. Acho que eu encontrei e hoje está doendo porque o perdi. Mãe, quando a gente não consegue esquecer, apesar de anos ter passado, isso é amor ?
- Sim filhinha, o amor é assim. Quando não é esquecido, é porque mesmo com o sofrimento, apesar de todos  os pesares ele insisti em permanecer, é porque é amor sim. Eu sinto muito.

Isa Ribeiro



"De todas as coisas que eu ainda lembro
O outono nunca pareceu o mesmo
Os anos passam e o tempo parece voar
Mas as memórias permanecem
No meio de maio, nós ainda brincávamos na chuva
Nada a perder além de tudo que ganhamos
Refletindo agora como as coisas poderiam ter sido
Valeu a pena no final."
Daughtry

2 comentários:

  1. Caramba Isa, sempre que passo por aqui, me encontro em suas palavras, que derramam sentimento, MUITO sentimento. Sei que já lhe disse isso, mas repito, creio que nossas experiências são muito, muito parecidas.
    Creio ainda que sim, mesmo com o passar do tempo, se o sentimento não se esvai, com certeza é amor. Amor pode ser esquecido, pode ser rápido, passageiro, mas só é um, e, se ele dura tempo demais para ser apagado pelo tempo, então sem dúvida alguma, é amor sim.
    Lindo texto, Isa! Beijos!

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  2. lindo e profundo Isa.
    Essas noites e dias de outono tem um ar nostalgico e dolorido, ontem uma amiga me perguntou o que eu tenho, respondi que é o frio que tráz com ele lembranças que eu tento evitar.

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